ENTREVISTA DO EX SECRETÁRIO DE SEGURANÇA E TRÂNSITO DE ITABIRITO - GCM Itabirito

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3 de mai. de 2011

ENTREVISTA DO EX SECRETÁRIO DE SEGURANÇA E TRÂNSITO DE ITABIRITO

Entrevista: Rocha

2011-04-20 07:36
Entrevista:  
O ex-secretário de Segurança e Trânsito de Itabirito, Denílson Francisco Braga, o Rocha (PT), falou do motivo de sua exoneração, criticou o Secretário de Planejamento e Captação de Recursos Aboim (PMDB) e o vereador Edgar Franzen de Lima, o Boca Preta, (PMDB) como também apontou as dificuldades vividas na pasta. Durante a entrevista, deixou as seguintes perguntas no “ar” ao Prefeito bem como para a população refletir. Quem se beneficiou com a compra da fábrica de tecido? Existe algum projeto para o local da fábrica? Encomendaram um suposto estatuto para o servidor público.Este  condiz com a realidade do município? Quem pagou essa empresa? Qual foi o valor dessa consultoria? Porque o Núcleo da Juventude tem tanto apoio da prefeitura? Porque é ligado ao chefe de gabinete Aloísio Marcos Braga, o Xulico? Ao Núcleo tudo consegue, tudo é permitido?  O que o Núcleo da Juventude agrega ?

BM: Porque você foi exonerado do cargo de Secretário de Segurança e Trânsito?
Rocha: Fui comunicado na sexta-feira, 15/04. Fui pego de surpresa como todo mundo, a Prefeitura não me deu nenhuma explicação a respeito da decisão. Acredito que é uma decisão muito mais política do que técnica. O que estou dizendo aqui é o meu ponto de vista, não estou falando em nome do PT. Eu me senti dentro do governo angustiado, algumas vezes. Eu estava preparado para estar onde estava. Tenho cursos na área de trânsito. Mas, a todo o tempo cobrávamos da Prefeitura uma assessoria; uma empresa de engenharia de trânsito. Chegamos a chamar três empresas, para fecharmos um contrato, para fazer um estudo técnico e a Prefeitura em momento algum nos deu esse apoio. Fico muito triste, porque o partido, quando fez essa aliança, tinha o sonho de transformar Itabirito, com propostas de políticas públicas, apoiar o povo, e isso a gente não vê nesse governo, aquilo que foi dito no palanque foi esquecido. A chamada da campanha era hora da Verdade. E a Verdade é esse aí mesmo, é um governo sem planejamento, sem meta. 

BM: Crítica a Secretaria de Planejamento e Captação de Recursos.
Rocha: Para se ter uma idéia, a Secretaria de Planejamento e Captação de Recursos é estratégica e fundamental na Prefeitura. Mas, ela não funciona. É uma secretaria que custa R$ 11 mil por mês a prefeitura, e até hoje, eles não conseguiram captar o próprio salário, porque não captaram nada. Não entrou nenhum centavo. Se existiu captação foram feitos por outros setores. O carro que está na Secretaria de Obras foi conseguido pele emenda do Deputado Federal Padre João (PT). Os computadores conseguidos pela Prefeitura foram emendas conseguidas pelo Deputado. 

BM: Que governo vocês do PT imaginavam?
Rocha: Esperávamos um governo mais ousado, planejado, com metas. Esse governo por ter só três anos de mandato, deveria no mínimo ter vinte e cinco por cento a mais de energia em suas ações. E pelo contrário, o que vimos fui uma paralisia, por não ter prioridades. 

BM: Houve comentários que o prefeito Manoel da Mota (PMDB) teria brigado com vice-prefeito, Rildo Xavier (PT). E que prefeito teria ameaçado tirar todos os petistas do governo. Você acredita que sua demissão está associada a este fato?
Rocha: Não tem evidências e o próprio Rildo (PT) conversou com a gente, e disse que não existiu essa briga. Mas eu já sinto o desapontamento meu e de alguns colegas de partido, com relação aos rumos que o governo anda tomando. Acredito que este é o melhor momento político da cidade. A cidade passa por uma transformação radical, e é a hora de uma terceira via mesmo. Chega desse bipolarismo, precisamos de um nome novo e o partido esta disposto a discutir isso. E o que parece é que o governo está querendo colocar o PT para fora da gestão mesmo.  

BM: Sua exoneração então tem haver com “briga” entre o governo e o PT?
Rocha: A minha demissão é mais política do que técnica. Mas se falarmos de resultado, que não se viu resultado. Os poucos resultados que tivemos foram conseguidos à duras penas. Primeiro, uma secretaria com pouca estrutura, com o orçamento muito limitado.  Segundo, sem apoio para algumas questões. Se você não tem uma dotação orçamentária compatível para você fazer uma consultoria, fazer investimentos. Você não tem como fazer muita coisa.  Outro que tivesse em meu lugar o resultado seria esse ou para pior. 

BM:Você se arrepende de ter apoiado este governo (Manoel da Mota)?
Rocha: Não. Eu me sinto decepcionado com os rumos que o governo está tomando. A sensação é que o governo o tempo inteiro esta dando tiro no pé.  Demissões arbitrárias, muita fofoca, dão muito ouvindo a pessoas que não produzem. Existe uma cúpula em volta do prefeito, mas, não posso eximi-lo da responsabilidade, porque ele se cerca daqueles que ele se permite cercar, que o tempo todo estão fazendo fofocas, fazendo intrigas. Acabei de citar. Uma secretaria de planejamento que não capta recurso e inclusive perdeu emenda parlamentar do Gabriel Guimarães (PT) de quase R$ 1 milhão que era para fazer pontes na zona rural. Então, quer dizer só porque é do mesmo partido (PMDB). Porque é o presidente (Aboim) do partido (PMDB), ele pode fazer essas besteiras e permanecer no governo?  O governo vai se medir por política ou por resultados? O que me angustia muito são as demissões arbitrárias, demissões sem consultar até mesmo os secretários. Demissão por perseguição política, porque é amarelo. Isso não pode existir, Itabirito tem que passar por um novo tempo na política. As contratações são feitas pela foto de quem é e não pela competência do currículo. 

BM:A discriminação partidária era visível no governo?
Rocha: Era visível claramente. Eu percebi isso várias vezes dentro do gabinete. Eu vivi essa situação. A gente mandava uma pessoa para contratar e quando olhavam, diziam: este não, porque é amarelo, e, não olhavam as qualificações técnicas. Olhavam simplesmente a fotografia, a família e o vínculo dela com a política para tomar decisões. 

BM: A Câmara criticou muito a secretaria de Trânsito. A dificuldade para melhorar o trânsito da cidade, deve-se a falta de apoio do prefeito?
Rocha: A secretaria recebeu muitas críticas. Principalmente da oposição e recebeu dos aliados também. E o que me estranha, é quem é o vereador “suplente” Edgar Franzen de Lima, o Boca Preta, (PMDB) para ter capacidade de fazer uma pesquisa técnica sobre o trânsito? Uma pesquisa sem um instituto sério, sem margem de erro. Ele não tem capacidade técnica para fazer isso, porque não tem conhecimento para isso.  O que me angustia é o governo dar ouvidos a este despreparo dele e ficar me criticando, achando que faz melhor. Acho que o governo deveria deixar a secretaria para ele provar que faz melhor, nas mesmas condições que me deram. 

BM: O que você tentou implantar, mas foi impedindo de fazer?
Rocha: Quando nós fizemos uma mudança em frente ao supermercado Farid, para estacionar de ré, para melhorar, a segurança no local. Instituindo a carga e descarga no varejão do Aníbal em frente ao sinal que não estava regulamentado e em frente ao hotel Primus. Ele (Aníbal) “chorou” e brigou com o prefeito, que tinha 30 anos que ele estava ali, que estava sendo prejudicado. Mas era uma questão técnica. Era para liberar o trânsito no lado direito do semáforo, para não ter retenção. O prefeito contrariou nosso parecer e o parecer da Policia Militar e mandou fazer a placa e colocar no local e colocamos chateados. O governo precisa entender as mudanças. O sentimento que eu tenho é que a coletividade não está em primeiro plano. Em primeiro plano estão os mimos, os agrados políticos e aqueles que se dizem aliados.  Aos amigos tudo, aos inimigos a lei.  Essa não é a política que eu sonho para Itabirito. 

BM: Você teve contato com o prefeito? Tentou conversar com ele?
Rocha: Não tive contato com ele. E não o procurei. Ele não teve a honestidade de olhar nos meus olhos. Ele delegou a função de me demitir ao secretário de Administração (Valmir Pedrosa). Mas, eu saio do governo com a cabeça erguida, fiz o que pude com poucos recursos.  

BM: Dificuldade de chegar ao prefeito.
Existia muita dificuldade de chegar até o prefeito. E todas as vezes que pedíamos alguma coisa. Tomávamos um não na cara e muitas vezes batiam com a porta na cara da gente.  Tínhamos dificuldade de acesso ao prefeito porque o chefe de gabinete Aloísio Braga,o Xulico, impendia. Impunha inúmeras dificuldades e outra questão que julgo grave, não existia privacidade. Você estava conversando, um entrava na conversa do outro, é uma casa sem governo, sem leis e sem controle. 

BM: Só promessas.
Tudo que prefeito prometeu ele não cumpriu. Um exemplo: ele disse que não voltaria com os antigos do governo. E ele voltou: está aí o Xulico, o Valmir e o Aboim. Então, o que era um sonho de uma grande verdade tornou-se mentira. 

BM: Todos os que foram exonerados falaram da “intromissão” do chefe de gabinete. Você passou por dificuldades com ele também?
Rocha: Ele como chefe de gabinete, controla agenda do prefeito. Todos os projetos de Lei, tudo passa na mão dele. De certa forma, ele se torna um segundo prefeito. E o vice-prefeito Rildo Xavier (PT) foi sendo afastado aos poucos das decisões importantes do governo. Para se ter noção no início do governo, tivemos uma dificuldade tão grande, que eu cheguei a pedir emprestados oitos pneus a Auto-escola Itabirito, com documentos de empréstimo. Porque tinham duas viaturas da Guarda Municipal paradas no pátio. Não me arrependo do que eu fiz. Eu vesti a camisa, mas não existe equipe.

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